João
Soares, Ministro da Cultura, como se diz aqui por Nisa, "esticou-se":
ameaçou Vasco Pulido Valente e Augusto M. Seabra, na sequência de crónicas
publicadas no jornal "Público", com aplicação de umas "salutares
bofetadas". Assim mesmo, com saborosa adjectivação. Quer-me parecer que
anda a ler muito Eça de Queirós (leia-se "Os Maias"). Pena é o
impropério ter sido escrito no FB e não gritado no Chiado ou no Passeio
Público, e serem bofetadas e não bengaladas.
Provavelmente
pressionado pela opinião pública, ou "apertado" por António Costa,
pediu desculpa. Atenção: não pediu desculpa pela ameaça, pediu desculpa por
porventura os ter assustado. Será idiossincrasia ou bizantinismo da minha
parte, mas uma coisa e outra são muito distintas. Imagino VPV e AMS a tremer
que nem varas verdes, de susto e temor. Aliás, parece-me que até eu tremi um
pouco e, deve ser a vista que me está a pregar partidas, parece-me até que a
torre da igreja também estremeceu. Este é homem é um terramoto, é o que é!
Adenda
João
Soares apresentou esta manhã a sua demissão do cargo de Ministro da Cultura.
António Costa não lhe deixou muita margem de manobra e, naturalmente (sic),
aceitou a sua demissão.
Segundo
João Soares, esta decisão é tomada
"(...) por razões que têm a ver com a minha profunda solidariedade
com o Governo e o primeiro-ministro, e o seu projeto político de esquerda”.
Acrescenta: "Demito-me também por razões que têm a ver com o meu respeito
pelos valores da liberdade. Não aceito prescindir do direito à expressão da
opinião e palavra”.
Não
entendo a primeira justificação, absolutamente estúrdia no presente contexto,
sendo a segunda reveladora de completa falta de arrependimento e profundamente
hipócrita. Como pode alguém invocar o respeito pelos valores da liberdade e o
direito à expressão de opinião quando ameaça com bofetadas quem mais não fez do
que exercer esses mesmíssimos direitos?
De
positivo no meio de toda esta salganhada: vamos em breve ter novo Ministro da
Cultura, que esperemos o seja por merecimento próprio e ligação à área, ao
invés de servir de moeda de troca de apoio político em escaramuças internas.
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imagem:
wikipedia
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