sábado, 24 de março de 2007

A Festa foi linda, pá!






A Festa foi linda pá!
Acordei às 06:00, que quem vai para o mar avia-se em terra e havia muito "aviamento" ainda a fazer. A logística envolvida na condução a contento de um grupo de 260 pessoas é algo pesada, pelo menos para uma Associação com a dimensão da nossa e no meio em que estamos envolvidos, pouco propício à obtenção de apoios. Vale-nos uma grande capacidade de mobilização dos nossos associados, sempre generosos nestas ocasiões, que se dividiram por uma diversidade de tarefas, desde o secretariado à preparação do almoço, passando pelo reabastecimento aos caminheiros e ao acompanhamento destes no terreno. Numa conjugação de boas-vontades conseguimos reunir uma equipa de cerca de 20 elementos e três viaturas TT, uma delas da Câmara Municipal de Nisa, que cedeu também dois autocarros, contando ainda com a colaboração dos Bombeiros Voluntários de Nisa, com uma ambulância sempre ao alcance de uma chamada via radio e de dois socorristas a acompanhar o grupo.
Saímos de Cedillo pelas 09:00, 170 portugueses e 90 espanhóis , em franco convívio, como é apanágio das gentes da raia, cujos sangues se misturam em genealogias de antanho, que às divisões impostas pelos caprichos da História dizem nada, riscos num mapa não separam corações.
Pela frente 18 quilómetros de encantamento, até para mim que ia, após uma série de reconhecimentos, na minha quarta passagem por aquelas partes. Ainda em Espanha, numa paisagem que em Portugal depois se repetirá, dominam primeiro o xisto e as estevas em flor. Depois os rios Sever e Tejo, que se desenrolam aos nossos pés, a força domada pela Barragem de Cedillo. Predomina ainda o verde, ainda corre a água nos regatos. Ao longo da Ribeira de S. Simão surpreendem-nos os diversos açudes de xisto, obras de engenharia popular que vão resistindo aos séculos , proporcionando a existência de um vasto e fértil vale.
Duas surpresas aguardavam ainda os caminheiros: ao chegar à templária Montalvão ouve-se o ribombar dos Bombos de Nisa, outro grupo de jovens desta terra que em boa hora se juntou, estes em torno da música e de uma tradição que se julgava já perdida. Até os mais cansados ganham nova alma, entram na festa, tocam também, que a malta dos bombos é porreira. A outra surpresa, a cereja no topo do bolo: dois porcos assados no espeto, com mestria e bom tempero, pela mão dotada do meu amigo Babancas. Circulam pelas mesas as febrinhas dos ditos, acompanhadas por outras pérolas de uma gastronomia regional rica: cacholeiras, morcelas, linguiças e, como não poderia deixar de ser, pelo queijo de Nisa, tudo bem regado, que o bar era aberto. Soam os bombos, fazem-se os discursos da praxe, dança-se, há gente que parte a custo, outros vão ainda resistindo à partida e vai mais uma dança.
Uma palavra especial para um grupo também ele muito especial: seis companheiros da CERCI de Fafe, acompanhados de dois monitores, que caminharam sempre a bom ritmo, sempre de cara alegre, e que, no final tiveram ainda forças para tocar e dançar. Um exemplo para quem se afunda em pantufas e sofás, em tardes de modorrenta sensaboria.
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fotos: António Miranda

3 comentários:

Anónimo disse...

Olha olha: ele voltou!!
Um beijo, pá!, IO

Anónimo disse...

Por um acaso, fui parar a este blog. Teria parado um breve leitura, e continuaria. Mas, ao aparecer a palavra Magude, fiquei curioso, dado que eu conheço muito bem Magude, por ter nascido nessa vila, à muitos anos.
J. Gonçalves ( magude1948@hotmail.com )

th disse...

É com muito prazer e contentamento que vejo aqui post recente a confirmar o regresso...e que post.
Notícia duma tal actividade alegra qualquer um e até faz inveja.
Um grande abraço, sempre atenta, th