quarta-feira, 16 de abril de 2014

Memória das palavras e dos actos

"A PRESIDENTE DA CÂMARA DE NISA ESTARÁ NO TERRENO, VISITANDO AS FREGUESIAS, OUVINDO AS OPINIÕES DAS PESSOAS, DAS INSTITUIÇÕES E DAS ASSOCIAÇÕES. SABERÁ SEMPRE RECONHECER O PAPEL RELEVANTE DOS PRESIDENTES DAS JUNTAS DE FREGUESIA, NÃO OS DESPREZANDO E REALIZANDO INICIATIVAS E INVESTIMENTOS EM ESTREITA COLABORAÇÃO COM CADA UM DELES, PORQUE EXISTEM TODAS AS RAZÕES, ATÉ PROVA EM CONTRÁRIO, PARA QUE MEREÇAM, DA NOSSA PARTE UM RELACIONAMENTO DE PROXIMIDADE."
 
Estas palavras, para quem nunca delas tomou conhecimento ou já se não lembra, foram pronunciadas pela Sra. Presidente da Câmara de Nisa, Idalina Trindade, no discurso de Tomada de Posse, no dia 18 de Outubro de 2013.
 
Com elas na memória, assistindo à Reunião Ordinária de Câmara realizada esta tarde, foi com surpresa que vi presentes na sala 4 Presidentes de Junta, algo que é de todo anormal. Mais surpreso fiquei quando 3 deles, Ana Cecília Manteiga (JF Alpalhão), Patrícia Carmona (JF Santana) e João Malpique (UF Espírito Santo, Nª Sª da Graça e S. Simão), pediram a palavra no período dedicado à intervenção de munícipes.
 
Sendo-lhes concedido o uso da palavra, especificidades próprias de cada freguesia à parte, todos disseram essencialmente o mesmo: não conseguiram ainda reunir com a Presidente da Câmara e não obtêm resposta a diversos ofícios enviados à sua atenção.
 
Embora seja meu entendimento que Presidentes de Junta não devem intervir, nessa exclusiva qualidade, no período reservado à intervenção dos municípes em reuniões de Câmara (em coerência, já anteriormente exprimi igual opinião em relação a idêntico procedimento dos deputados municipais nas assembleias respectivas), tenho que me perguntar o que os terá forçado a tal recurso.
 
A resposta só pode ser uma de duas: ou alguns dos autarcas das freguesias puseram em marcha uma manobra concertada de perturbação do regular funcionamento das instituições municipais, hostilizando de forma aberta a Presidente da Câmara, ou têm razão nas suas reclamações, não lhes restando outra forma para chegar à fala com Presidente da Câmara e dela obter resposta às suas questões.
 
A Presidente da Câmara permitiu a intervenção dos autarcas, com cortesia, sem interrupção ou obstáculo de espécie alguma mas, findas as mesmas, não havendo intervenções de outros municípes, passou de imediato ao ponto nº 2 da Ordem de Trabalhos, sem dirigir resposta alguma às questões colocadas.
 
No meio das várias trapalhadas que se foram sucedendo ao longo desta reunião de Câmara (documentos importantes que não foram entregues a todos os Vereadores, funcionários ausentes para apresentar pontos das Ordem de Trabalhos e, quando finalmente o fizeram, manifestamente impreparados para tal), devo dizer que saí preocupado da sala. Não me agrada esta crispação tão precoce nem os jogos a que assisti.
 
Entendo a luta política e os seus meandros. Entendo os jogos de bastidores e as manobras de pressão. Não entendo que isso se estenda às relações intitucionais entre órgãos de soberania de igual legitimidade democrática e representatividade. Não entendo, porque perante o silêncio da Presidente da Câmara só ouvi uma das partes, o que na realidade se passa. Que, no âmbito da luta política, a Presidente da Câmara tenha decidido não responder, é um direito que lhe assiste. A mim assiste-me o direito de ser cabalmente elucidado acerca dos assuntos do município, direito que me foi sonegado.

2 comentários:

Unknown disse...

Quando comemoramos 40 anos do 25 de Abril, assistimos no Concelho de Nisa, à total ausencia de democracia, de liberdade e de respeito pelos direitos humanos. Impera uma política de medo, perseguição e discriminação de pessoas, instituições, associações, sómente porque se "julga", que são de cor política diferente. Não se pode reclamar, discordar, ter opinião, porque existem "espiões", bufos identificados, ou seja a PIDE, voltou após 40 anos do 25 de Abril!Nada me surpreende, pois não é novo no comportamento de quem preside ao Município de Nisa, bastava ter estado atento durante estes últimos 4 anos!Os Presidentes de Junta representam as populações que os elegeram, merecem o respeito institucional do cargo que exercem. Mas acima de tudo este ATAQUE aos Presidentes de Junta representa uma PERSEGUIÇÃO às populações que os elegeram. Gabriela Tsukamoto

José Monteiro disse...

As generalizações são estéreis e perniciosas. Eu reclamo, discordo e tenho opinião, onde e quando entendo fazê-lo, e nunca fui perseguido ou pressionado, fosse pela Engª Gabriela (e tivemos e temos discordâncias várias, não é Engª?) ou pela Drª Idalina. Se alguém se sente perseguido, tem à sua disposição vários meios legais para se defender. Essa é uma diferença fundamental em relação ao período da ditadura. Acerca de "espiões" e "bufos" só tenho a dizer que são erva daninha de todas as épocas e ciclos de poder.