terça-feira, 13 de novembro de 2012

Greve Geral




Amanhã é dia de greve geral. Mais uma. Por firme convicção ideológica sou defensor acérrimo da liberdade, sob todas as formas e manifestações. Contudo, uma coisa é a minha convicção sobre a validade inquestionável do direito à greve, outra, completamente distinta, a minha opinião sobre a sua utilidade e pertinência.

A greve, ou para esse efeito qualquer outra forma de luta laboral, deve ser sabiamente usada, aquando de um processo negocial. Não deve ser um fim em si mesma, sob risco de esgotarmos a sua eficácia, alimentando a agenda ideológica subliminar duma esquerda adepta da "revolução permanente". No entanto, feliz ou infelizmente, o contexto da organização da presente greve geral não é esse. Alguns dos organizadores talvez gostassem que fosse, mas estão longe de ter a capacidade de influência global para atingir esse fim. Em vez disso, cumpre-se o calendário. É suposto. É suposto os sindicatos organizarem greves. Se o não fizessem, quem é que conseguia perceber a sua utilidade?

Não sou contra a greve. Sou contra as greves para cumprir calendário. Sou contra o facto de os sindicatos serem o braço armado dos partidos políticos, em vez de serem representantes dos trabalhadores. Sou contra o facto de as associações de estudantes seguirem ordens das reitorias e dos partidos políticos. Sou o facto de as estruturas representativas das pessoas não serem controladas por essas pessoas, mas pelos interesses dos partidos políticos.

Apesar disto, respeitarei todos aqueles que amanhã, de forma iludida ou convicta, aderirem à greve geral. Do mesmo modo respeitarei todos aqueles que pretenderem, porque a isso são obrigados ou convictamente, ir trabalhar. Apenas espero que os que vão fazer greve respeitem os que vão trabalhar, sem as costumeiras pressões de piquetes de greve, que por vezes variam entre o insulto, mais ou menos velado, e a violência. E que não se repitam situações, como a da última greve a que aderiram os trabalhadores da CMN, em que muitos se viram impedidos de aceder ao seu local de trabalho, por estarem encerradas as portas. Que eu saiba os eleitos ainda não têm direito à greve, e compete-lhes a eles, em última instância, assegurar a abertura das instalações municipais.


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