Amanhã é dia de greve geral.
Mais uma. Por firme convicção ideológica sou defensor acérrimo da liberdade, sob todas as formas
e manifestações. Contudo, uma coisa é a minha convicção sobre a validade
inquestionável do direito à greve, outra, completamente distinta, a minha
opinião sobre a sua utilidade e pertinência.
A greve, ou para esse efeito
qualquer outra forma de luta laboral, deve ser sabiamente usada, aquando de um
processo negocial. Não deve ser um fim em si mesma, sob risco de esgotarmos a sua
eficácia, alimentando a agenda ideológica subliminar duma esquerda adepta da
"revolução permanente". No entanto, feliz ou infelizmente, o contexto
da organização da presente greve geral não é esse. Alguns dos organizadores
talvez gostassem que fosse, mas estão longe de ter a capacidade de influência
global para atingir esse fim. Em vez disso, cumpre-se o calendário. É suposto. É
suposto os sindicatos organizarem greves. Se o não fizessem, quem é que conseguia
perceber a sua utilidade?
Não sou contra a greve. Sou
contra as greves para cumprir calendário. Sou contra o facto de os sindicatos serem
o braço armado dos partidos políticos, em vez de serem representantes dos
trabalhadores. Sou contra o facto de as associações de estudantes seguirem
ordens das reitorias e dos partidos políticos. Sou o facto de as estruturas
representativas das pessoas não serem controladas por essas pessoas, mas pelos
interesses dos partidos políticos.
Apesar disto, respeitarei
todos aqueles que amanhã, de forma iludida ou convicta, aderirem à greve geral.
Do mesmo modo respeitarei todos aqueles que pretenderem, porque a isso são
obrigados ou convictamente, ir trabalhar. Apenas espero que os que vão fazer
greve respeitem os que vão trabalhar, sem as costumeiras pressões de piquetes
de greve, que por vezes variam entre o insulto, mais ou menos velado, e a
violência. E que não se repitam situações, como a da última greve a que aderiram
os trabalhadores da CMN, em que muitos se viram impedidos de aceder ao seu
local de trabalho, por estarem encerradas as portas. Que eu saiba os eleitos ainda
não têm direito à greve, e compete-lhes a eles, em última instância, assegurar
a abertura das instalações municipais.
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