Nos últimos dias, mais
concretamente desde que publiquei a postagem “Autárquicas 2013 - Candidaturas
Independentes”, já várias vezes fui interpelado, via e-mail, telefone e na rua,
por gente que me dá conta da sua concordância com o teor da dita.
Quase inevitavelmente, segue-se a pergunta: “Vais concorrer?”.
Devagarinho com o andor, que
o santo é de barro! Entre exprimir uma convicção, fundamentada na evidência dos
factos (até prova em contrário, leia-se até à apresentação dos programas para
as autárquicas), relativamente ao esgotamento das soluções partidárias para o
concelho, e na crença de que existe gente independente com valia, experiência e
postura para liderar a Câmara, a apresentar-me como candidato, vai uma distância
muito grande. Nunca gostei de dar o passo maior que a perna. Não tenho experiência política ou de gestão autárquica para ousar candidatar-me
a tão exigente cargo. Em casa de meus pais ensinaram-me a ser humilde. Outros
factores, por mais que me custe dizê-lo, também contribuiriam para inviabilizar
tal pretensão: não integro grupinhos, não ando pelos cafés e bares da vila a
socializar e, acima de tudo, não sou do concelho. Nas últimas eleições ficou
provado à exaustão que isso constituiria arma de arremesso de peso.
Também muita gente comenta ser estranho o facto de, depois de tantos anos no
concelho em postura bem mais tranquila, me apresentar agora tão activo. A
explicação é simples: em duas eleições autárquicas consecutivas, aquelas em que
votei em Nisa, acreditei numa pessoa e num projecto, nunca fazendo segredo
disso. Acontece que, e também já o tornei público, para além de o ter dito
directamente à pessoa em questão, estou cada vez mais desiludido com a actual
gestão autárquica. A tolerância e paciência de cada um de nós têm limites, e eu
atingi os meus.
Aos que, depois de havida esta conversa, me acusam de pregar uma coisa e praticar outra, respondo: errado! Nunca me demitirei dos meus deveres de cidadania. Significa isto que, depois de muitos anos a recusar convites, no concelhos de Loures, Caneças e Nisa, para integrar listas candidatas a eleições autárquicas (nunca para uma Câmara, mas para algumas Juntas de Freguesia), depois de anos convencido que poderia exercer a minha cidadania apenas a partir da sociedade civil, cheguei à conclusão que tal não basta. Se quero de facto mudar algo, terei de o fazer a partir de dentro, a partir das instituições. Correndo dois riscos, o de perder o distanciamento que me permite uma maior lucidez na análise dos factos, e o de ver posta em causa a minha independência, não poderei em consciência, se de novo for convidado para uma qualquer função autárquica, em lugar elegível ou não, por um projecto que me seduza e convença, recusar. Friso o “projecto que me seduza e convença”.
Adivinho que alguns, ao
lerem isto, vão menear a cabeça, sorrir e pensar: “Tu queres é tacho!". Nunca
fui de me preocupar com o que os outros pensam de mim e não vou começar agora,
pelo que encaro isso com o estoicismo e a tranquilidade de quem nunca teve medo
de se expor (afinal de contas, faço-o aqui regularmente) ou de dar a cara por
uma causa. Quem anda à chuva, molha-se, mas eu, nunca tive medo da chuva.
.imagem: cristiane cardoso
1 comentário:
...E QUEM FALA ASSIM, NÃO É GAGO!
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