segunda-feira, 24 de setembro de 2012

O seu a seu dono!

 
 
A Câmara Municipal de Vila Velha de Ródão e o Centro Municipal de Cultura e Desenvolvimento inauguraram, no passado dia 21 de setembro, o Centro de Interpretação da Arte Rupestre do Vale do Tejo (CIARVT), uma iniciativa que se saúda e vem dinamizar a divulgação de um importante, e tantas vezes esquecido, património do Alto Tejo.
 
Não tendo a possibilidade de assistir à inauguração do Centro, acedi à página electrónica do mesmo, de modo a tomar conhecimento do seu espólio bem como das suas condições de funcionamento. De aspecto sóbrio mas muito acessível e funcional, a dita página contém um acervo de várias dezenas de imagens que elucidam o visitante acerca da localização e tipologia das quase 20.000 imagens identificadas na década de 70, hoje quase todas submersas sob as águas da albufeira da barragem do Fratel.
 
Para minha grande surpresa, ou talvez nem tanto, uma vez que esta situação se repete amiúde, a imagem que abre a página principal representa uma figura humana erguendo um veado sobre a cabeça.
 
Um pouco mais à frente, na zona dedicada às diferentes estações e sítios arqueológicos que, numa e outra margem do Tejo, se estendem entre a foz do Ocreza e a barragem de Cedillo, lá vem de novo a imagem, integrada no núcleo de imagens do Cachão do Algarve, sito na freguesia de Perais, concelho de Vila Velha de Ródão.
 
Estaria tudo muito bem, não fosse dar-se o caso de a referida imagem estar localizada no Cachão de S. Simão, que toma o nome da ribeira próxima, sito na freguesia de Montalvão, concelho de Nisa!
 
O núcleo de gravuras mais fácilmente visitável existente no concelho de Ródão localiza-se na freguesia de Gardete, mais propriamente entre o caminho de sirga a jusante da barragem do Fratel, logo abaixo da linha férrea, em frente à foz da ribeira de Figueiró. Que eu tenha conhecimento, não é visitado de forma organizada e de modo regular. Ao contrário, o núcleo de S. Simão, que volto a frisar, se situa no concelho de Nisa, é visitado de forma regular e organizada por várias centenas de pessoas por ano, através do município de Ródão ou de empresas aí localizadas. Ou seja, o concelho de Nisa não extrai benefícios deste património ímpar, deixando que outros usufruam de quaisquer mais-valias, financeiras e outras, que daí pudessem advir.
 
Como se isto não bastasse, com o há muito prometido Centro de Interpretação da Arte Rupestre de Montalvão a rebolar, há vários anos, em sucessivos orçamentos do município de Nisa, sem concretização à vista, a apropriação abusiva da imagem atrás referida vem-se repetindo ao longo dos anos, sem que o município tome qualquer iniciativa em defesa do seu património.
 
Não é a primeira vez que abordo este tema ou insisto nesta denúncia. Mas o município de Nisa parece ter esquecido o seu património, apesar de continuar a afirmar que o futuro do concelho reside no Turismo. Não será ainda esta a última vez que volto ao tema, certo que enquanto uns falam e lucubram, outros agem e beneficiam.
 
 

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