Escrevo aqui, no meu quintal,
onde quem manda sou eu e posso debitar os disparates que quiser, em vez de o
fazer na página do Facebook, onde venho tentando mobilizar os meus conterrâneos para o protesto
desta tarde, porque lá não me acho no direito de o fazer. No FB sou um entre
muitos, primus inter pares numa causa comum, e, para além daquilo que nos une, não quero cansar
quem quer que seja com a minha opinião, e muito menos impô-la.
Vou ser muito claro: o que me
levou a aderir este protesto não foi a intenção de acabar com a austeridade, expulsar
a Troika de Portugal, derrubar o Governo ou arrasar com os partidos. A única
razão que me leva a protestar tem a ver com o facto de existirem limites para
os sacrifícios que se exigem a um povo, e esse limite, em minha opinião, foi atingido.
Sejamos pragmáticos, mas, mais do
que isso, intelectualmente honestos: nas presentes circunstâncias a austeridade
é inevitável, necessitamos do apoio da Troika, a queda do Governo iria lançar o
país no caos e os partidos são parte essencial da realidade democrática.
Preferia não ter que depender da Troika? Mil vezes. Preferia outro Governo? Eu
até nem elegi este, mas não vislumbro melhores alternativas. Precisamos dos
partidos? Talvez não destes, talvez destes com outra postura e práxis, mas sim,
precisamos.
Escrevo estas linhas agora, a
1 hora da realização do protesto, por duas razões. A primeira delas é
dizer-vos que vou estar presente, mas de olhos bem abertos! Não sofro de
síndrome de rebanho nem sou tão inocente que acredite piamente que este
movimento não tem na sua génese nenhuma intenção político-partidária. Tudo bem,
desde que isso não se manifeste durante o protesto. É também evidente que
muitos vão tentar fazer render este peixe com intenções que divergem das
minhas, mas aceito essa circunstância como um mal menor, um pormenor no quadro
geral. A segunda é, de uma vez por todas, distanciar-me de alguns rótulos que,
nestes dois dias, têm tentado colar-me: não sou comunista, socialista ou outro
qualquer “ista” que tentem impingir-me. Sou apenas eu, cidadão português, de
corpo inteiro e mente aberta. Também recuso a designação de “coordenador”, “organizador”
ou outra qualquer coisa que lhe queiram chamar. O que fiz, num exercício de cidadania, foi tão só revelar a minha intenção de protestar e agradecer a
quem se quisesse juntar a mim. Se precisam de um líder vão bater a outra porta,
que eu nesse peditório não dou!
Beijos a quem é de beijos,
abraços a quem é de abraços e vemo-nos daqui a pouco.
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