Foi ontem apresentado pelo Primeiro-Ministro o "Documento Verde da Reforma da Administração Local". Após uma leitura transversal verifico que, em relação ao que já vinha sendo anunciado pelo Governo, poucas foram as novidades introduzidas. Desta reforma, que visa reorganizar a Administração Local e deverá começar a ser introduzida no primeiro semestre de 2012, destaco as seguintes intenções:
- No Sector Empresarial Local: extinção de entidades (leia-se Empresas Municipais e outras) que apresentem resultados líquidos negativos consecutivos nos últimos 3 anos, com capitais próprios negativos e tecnicamente falidas nos termos do Código das Sociedades Comerciais;
- Na Organização do Território: reorganizar o Mapa Administrativo através da redução do número de Freguesias, por ora apenas incentivando a fusão de Municípios, tendo como base a identidade e continuidade territoriais, sem prejuízo de uma fase posterior da definição de um novo quadro orientador da alteração do mosaico municipal;
- Na Democracia Local: para além da intenção de alterar a Lei Eleitoral, de modo a que a presidência do Município seja preenchida pelo cidadão que encabeçar a lista à Assembleia Municipal mais votada, que posteriormente convidará, de entre os restantes eleitos da Assembleia Municipal, os restantes membros, dando assim corpo a um Executivo homogéneo, assegurado por apenas um Partido, pretende-se ainda diminuir o número de Vereadores e Deputados Municipais, bem como o número de dirigentes municipais. Pretende-se ainda reforçar a os Poderes de Fiscalização das Assembleias Municipais e acentuar a sua importância enquanto órgão deliberativo.
De que modo irá esta profunda alteração legislativa, partindo do pressuposto que todas as medidas previstas serão aprovadas, afectar o Concelho de Nisa?
- No Sector Empresarial Local: extinção na forma actual, e possível encerramento, da TERNISA, E.M.
- Na Organização do Território: o Concelho de Nisa, de acordo com os Censos 2011, tem 7350 habitantes, distribuídos por 10 Freguesias, com uma densidade populacional de 12,81 habitantes por km². Várias alterações irão ocorrer:
a) na Sede de Município existirá apenas 1 Freguesia, resultante da fusão das Freguesias do Espírito Santo e Nª. Sª. da Graça.
b) no caso das restantes 8 Freguesias do Concelho de Nisa, sendo intenção do Governo que as Freguesias predominantemente rurais não tenham menos de 500 habitantes, deverão manter-se apenas Alpalhão e Tolosa, devendo ser fundidas algumas das restantes;
c) em resumo, o Concelho de Nisa passará a contar com 5 ou 6 Freguesias ao invés das 10 actuais.
- Na Democracia Local: no que ao número de Vereadores, Deputados Municipais e dirigentes municipais diz respeito, poderão verificar-se as seguintes alterações:
a) o número de Vereadores passará dos actuais 4 para 2, dos quais apenas 1 poderá exercer funções a tempo inteiro;
b) o número de Chefes de Divisão passará dos actuais 4 para 2;
c) embora a redução do número de Deputados Municipais esteja prevista, não é especificada. Se ocorrer na mesma proporção aplicada ao número de Vereadores, passará dos actuais 25 Deputados Municipais para cerca de 12.
Pela parte que me toca, baseando-me apenas nas intenções apresentadas neste documento e reservando-me o direito de mudar de opinião após a apresentação das alterações legislativas (e um vasto corpo legislativo - Lei Eleitoral, Lei das Autarquias Locais, Lei das Finanças Locais, etc - terá de sofrer alterações profundas), nada tenho a obstar, antes pelo contrário: a actual intenção do Governo vem ao encontro de medidas que defendo desde há muito. Espero que exista coragem para reformar ainda mais a Administração Local, com a adequação do número de municípios à realidade actual e a criação das Regiões, bem como para proceder a uma reforma da Administração Central, nomeadamente revendo o número e tipo de Círculos Eleitorais existentes e o número de Deputados eleitos por cada um.
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