
Parti o plácido espelho da minha existência,
enquanto o cão ladrava no quintal
a um atrevido gato que bufava
e o arroz cozia em lume brando,
em cinquenta e sete estilhaços maiores bem contados
fora os pedacinhos mais pequenos
fora os pedacinhos mais pequenos
que se esconderam debaixo do sofá,
e agora vejo cinquenta e sete eus
que me olham de sobrolho franzido
e um abanar de cabeça,
não sabes pá que partir espelhos
dá sete anos de azar,
isto para os espelhos vulgares
imagina agora o espelho da existência,
cinquenta e sete vezes sete quanto dá,
fora os pedacinhos mais pequenos
que se esconderam debaixo do sofá,
nunca soube fazer contas de cabeça...
.
texto/foto: josé carlos
4 comentários:
Se aqui houvesse smiley's, na ausência de palavras bastantes para 'falar' do que li, punha aquele de dedo erguido, e juntava-lhe uma, duas três canecas. E já escrevi o que queria, se me dás licença volto atrás para relê-lo.
UAUUUU, PARABÉNS, versátil 399!! - oxalá não me tenha enganado nas contas...
Também eu, depois de virar a curva do rio, ando às vezes à procura dos pedaços de mim mesma...th
Eu também já parti o meu espelho. Mas descobri que, num pedacinho mais pequeno, a imagem era mais nítida e cabia na palma da mão. Guardei-o, portanto. Lindo poema, Zé Carlos. Beijo grande.
Enviar um comentário