Para que se não esqueça! - Parte III
Quanto dura a viagem, Um mês, dizem os lavradores sem enxada, riem-se os pescadores sem redes, mais feitos a estas coisas do mar, só o barco é maior que as ondas são as mesmas, Quinze dias com escala na madeira. Quinze dias de balanço, para cima e para baixo, para cima e para baixo, quinze dias de enjoo e diarreia, até todo o navio cheirar a merda e todos os homens cheirarem a vómito, suor e punheta, pela primeira vez irmanados oficiais, sargentos e praças, a outra será por entre o ondular do alto capim e os balanços do unimog, quando o medo for a causa da náusea e da diarreia, que todos nascemos e morremos do mesmo modo e nas misérias da carne todos os homens são irmãos. Para matar o tempo, que não é ainda tempo de matar, jogam-se intermináveis jogos, inventam-se maleitas, forjam-se acidentes, em tempo de guerra não se limpam armas, qualquer estratagema serve se o resultado dor baixar à enfermaria, ou, derradeira esperança, voltar a casa como inapto, ou tão só não ir para o mato, esse matos de que os velhinhos falam com mistério e sobranceria, Como é o mato, conte lá nosso primeiro, Vocês depois vêem, para se borrarem de medo já chega quando lá estiverem...continua....foto: Centro de Documentação 25 de Abril - Universidade de Coimbra
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