O Governo vai fechar 20 tribunais e converter 27 dos que hoje
existem em secções de proximidade, determina o diploma regulamentar da
Reorganização Judiciária aprovado nesta quinta-feira em Conselho de Ministros.
Este número representa uma diminuição face aos 22
encerramentos previstos na última versão conhecida do chamado “mapa
judiciário”, com o Governo a decidir que os tribunais de Carrazeda de Ansiães,
no distrito de Bragança, e Castro Daire, no distrito de Viseu, já não fecham e
passam a funcionar como secção de proximidade. No memorando de entendimento com
a troika, o Governo comprometia-se a encerrar um total de
49 tribunais.
Segundo a nova versão da Lei de Organização do Sistema
Judiciário, o país, que tem actualmente 331 tribunais, fica assim dividido em
23 comarcas, a que correspondem 23 Grandes Tribunais judiciais distribuídos
pelas 18 capitais de distrito.
Outros 27 serão transformados em secções de proximidade, onde se
realizarão actos judiciais como inquirições por videoconferência e onde os
cidadãos poderão consultar processos e entregar requerimentos. Nove destas
secções terão um regime especial e deverão mesmo realizar julgamentos. São os
casos de Ansião, Mértola, Miranda do Douro, Mondim de Basto, Nordeste,
Pampilhosa da Serra, Sabugal, São João da Pesqueira e Vimioso.
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Os distritos de Vila Real e de Viseu são os mais afectados pelo novo mapa judiciário,
com o primeiro a perder quatro tribunais (Boticas, Murça, Sabrosa e Mesão Frio)
e o segundo outros três (Armamar, Resende e Tabuaço). Guarda e Santarém perdem
dois tribunais cada.
Na lista final hoje aprovada pelo Governo, os 20 tribunais a
extinguir são Paredes de Coura (distrito de Viana do Castelo), Boticas, Mesão
Frio, Murça e Sabrosa (Vila Real), Sever do Vouga (Aveiro), Armamar, Resende e
Tabuaço (Viseu), Fornos de Algodres e Meda (Guarda), Penela (Coimbra),
Bombarral (Leiria), Ferreira do Zêzere e Mação (Santarém), Cadaval (Lisboa),
Sines (Setúbal), Castelo de Vide (Portalegre), Portel (Évora) e Monchique
(Faro).
Já os que passam a funcionar como secções de proximidade são
Nordeste, Povoação, Mértola, Alfândega da Fé, Carrazeda de Ansiães, Miranda do
Douro, Vimioso, Vinhais, Penamacor, Pampilhosa da Serra, Mira, Soure,
Arraiolos, Sabugal, Alvaiázere, Ansião, São Vicente, Avis, Nisa, Alcanena,
Golegã, Alcácer do Sal, Mondim de Basto, Castro d’Aire, Oliveira de Frades,
Vouzela e São João da Pesqueira.
DIAP passam a 14
De resto, dos 311 tribunais atuais, 264 são convertidos em 218 secções de instância central e em 290 secções de instância local. Nas secções de instância central são julgados os processos mais complexos e graves, mais de 50 mil euros no cível e crimes com penas superiores a cinco anos no criminal.
Já as secções de instância local podem ser de competência
genérica ou desdobrar-se em competência cível e crime, em qualquer dos casos
quando o valor for inferior a 50 mil euros, no cível, e crimes com penas
inferiores a cinco anos, no crime.
Das novas 23 comarcas do novo mapa judiciário, 14 terão oferta
especializada a todos os níveis: instância central cível, criminal, instrução
criminal, família e menores, trabalho, comércio, execução, instância local
cível e instância local criminal. O documento assegura igualmente que haverá
"mais serviços especializados do Ministério Público", passando o
número de Departamentos de Investigação e Acção Penal (DIAP) de seis para 14.
Para o desenho da proposta de mapa judiciário, e segundo consta
do diploma hoje aprovado, o Governo definiu como critérios objectivos um volume
processual inferior a 250 processos por ano e condições rodoviárias e de
transporte para as populações, entre outros.
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Ana Henriques, in "Jornal de Notícias"
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Ana Henriques, in "Jornal de Notícias"
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