Constava da Ordem de
Trabalhos da Reunião Extraordinária de Câmara realizada no passado dia 13 a
discussão da atribuição de apoios às associações do concelho de Nisa. Tendo já
sido aprovado o Orçamento para 2013, constando das Grandes Opções do Plano a
atribuição de 40.000,00€ a entidades no âmbito da cultura e 30.000,00€ a
entidades no âmbito do desporto, tratava-se agora de distribuir o bolo. Quer-me
parecer que se pôs a carroça à frente dos bois, mas adiante.
Foi submetida à aprovação a
Proposta Nº 11/2013, suportada numa comunicação apresentado pelos serviços
municipais competentes (CI Nº 41/2012), a saber, o Sector de Desporto,
Associativismo, Juventude e Lazer, acrescida de uma adenda da autoria da
Presidente da Câmara, já introduzida verbalmente na anterior Reunião de Câmara,
que atribuía subsídios a associações não comtempladas na referida comunicação.
Devo referir que a proposta dos serviços apenas não comtemplava com subsídios financeiros
ou outro tipo de apoio (transportes, instalações, mão-de-obra, brindes e
troféus), as associações que os não tinham solicitado ou que não tinham
apresentado Plano de Actividades, conforme estipula o Regulamento de Apoio ao Associativismo.
Digo há anos, e voltei a
fazê-lo em sede própria, na Reunião de Câmara havida no passado dia 6 do
corrente, que o Regulamento de Apoio ao Associativismo, datado de 2003, não é
suficientemente claro nem adequado, sendo urgente a sua alteração, sob pena de
se repetirem todos os anos decisões feitas em cima do joelho e à la carte, com acusações de falta de
transparência de permeio. Nesse sentido, sugeri na minha intervenção que o
apoio às associações fosse estabelecido através do estabelecimento de
protocolos individuais, mediante o cumprimento de objectivos pré-estabelecidos.
Falta ainda coragem política para mexer em interesses instalados,
assumindo por uma vez que as associações não são todas iguais nem merecem o mesmo
tratamento, seja pelo seu objecto, seja pela qualidade da sua intervenção, seja
pelo impacto que têm na comunidade e na economia local, seja ainda, por
exemplo, pelo número e idade dos participantes que tomam parte nas suas
iniciativas. É necessário assumir frontalmente a necessidade, até pela cada vez
maior escassez de meios, de uma descriminação positiva.
Por outro lado, não pode a CMN descurar aquilo que é sua obrigação moral e legal, nas áreas do desporto,
cultura e lazer, alijando essa responsabilidade nas associações do concelho,
que aliás o fazem melhor e mais barato do que a Autarquia seria capaz, não
querendo ao mesmo tempo subsidiar de forma justa e proporcionada quem executa aquilo que deveriam ser funções suas.
Analisando a Proposta Nº
11/2013, verificamos que a comunicação dos Serviços não passa de um mapa com a
estimativa dos custos, pelo que não deveria ter sido o documento sujeito a
aprovação, o que prática aconteceu, mas deveria ter sido apenas uma ferramenta
de trabalho, para análise dos Vereadores, servindo de suporte para uma decisão
que não é apenas técnica mas também política.
Assim, ferida de erro logo à
partida, a Proposta votada e aprovada está pejada de situações de difícil
compreensão, metendo no mesmo saco Associações com Comissões de Festas, dela
constando ainda entidades, como a Apilegre e o Comité de Geminação, cuja
inclusão me parece descabida, atribuindo apoios não financeiros e/ou
financeiros a entidades que não apresentaram Plano de Actividades, com base em
estimativas de custos calculadas a partir de pedidos efectuados em 2012, e atribuindo
a algumas associações valores perfeitamente desajustados, quando em comparação
com outras, com actividade bem mais meritória e a merecer melhor atenção.
Cingindo-me apenas ao Desporto,
constam da Proposta 12 associações que supostamente desenvolvem actividades
nessa área, sendo que 3 não apresentaram Plano de Actividades, num total de 36
associações. Para esta área o Município aprovou em sede de Orçamento o valor de
30.000,00€. Analisando a proposta, verificamos que 50% desse valor, 15.000,00€,
é atribuído a apenas 1 associação, dividindo-se o restante pelas outras 8
associações. Não sendo importante qual a associação em questão, que me merece aliás
o maior respeito, refiro apenas que tal subsídio se destina a ser aplicado numa
equipa de futebol sénior. Enquanto isto, outras associações, com actividades
que se destinam quase exclusivamente à formação de crianças e jovens, ou que
envolvem um muito maior número de participantes, dividem as migalhas.
Em jeito de conclusão,
apurado o total do apoio financeiro a atribuir às associações na área do
Desporto, cheguei ao valor de 30.800,00€, quando o valor cabimentado é de 30.000,00€.
Ou se fizeram contas em cima do joelho e sem planeamento aquando da elaboração
do Orçamento ou alguém vai ter que desencantar 800,00€ de uma qualquer outra
rubrica, o que não deve ser difícil, habituada que está a Autarquia a tais
golpes de rins.
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