Durante um
jantar em Viana do Castelo, promovido pelo PSD de Barcelos, no dia 5 de
Novembro de 2010, sete meses antes das últimas eleições legislativas, afirmava Pedro Passos Coelho, então líder da Oposição:
“Não podemos
permitir que todos aqueles que estão nas empresas privadas ou que estão no
Estado fixem objectivos e não os cumpram. Sempre que se falham os objectivos,
sempre que a execução do Orçamento derrapa, sempre que arranjamos buracos
financeiros onde devíamos estar a criar excedentes de poupança, aquilo que se
passa é que há mais pessoas que vão para o desemprego e a economia afunda-se”
“Se nós temos
um Orçamento e não o cumprimos, se dissemos que a despesa devia ser de 100 e
ela foi de 300, aqueles que são responsáveis pelo resvalar da despesa também
têm de ser civil e criminalmente responsáveis pelos seus atos e pelas suas
acções. Quem impõe tantos sacrifícios às pessoas e não cumpre, merece ou não
merece ser responsabilizado civil e criminalmente pelos seus actos?”
Este discurso
foi fundamental na eleição de Pedro Passos Coelho. Entretanto, após dezasseis
meses de governação, quantas destas palavras ganharam substância e tiveram
consequências?
Houve uma
auditoria geral às contas públicas? Houve uma renegociação séria das PPP’s, das
EP’s e de outros negócios ruinosos para
o Estado? Algum responsável político foi levado à justiça? O Ministro das
Finanças assumiu, na apresentação do Orçamento de Estado para 2012, um desvio
de 3,4 mil milhões de euros no Orçamento de 2011. Nas suas palavras, tal
deveu-se a “resulta do não cumprimento dos objectivos de redução dos efeitos e
a desvios específicos na Educação, Administração Interna e Defesa”. Vão o
Ministro da Justiça, o Primeiro-Ministro, o Governo, ser “civil e criminalmente
responsabilizado pelos seus actos”?
Este Governo,
eleito com os votos de um povo iludido, com ânsias de mudança, cuja demissão se discute
abertamente, ferido por dissensões internas, impotente e ideologicamente
espartilhado, que navega à vista, não passa na prática, neste momento, de um mero
governo de gestão.
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