terça-feira, 23 de outubro de 2012

Autárquicas 2013 - Candidaturas Independentes




A partir de 2001, com as alterações então introduzidas pela Lei Orgânica 1/2001 (Lei Eleitoral dos Órgãos das Autarquias Locais), passou a ser possível a candidatura de grupos de cidadãos independentes às Assembleias e Câmaras Municipais. Atentemos nos resultados obtidos pelas candidaturas de listas de grupos de cidadãos nas eleições autárquicas de 2001, 2005 e 2009:

ANO

CÂMARA MUNICIPAL

CONCELHOS

CONCORREU

MANDATOS

PRESIDENTES

MAIORIAS ABSOLUTAS

% VOTOS

2001

22

31

3

3

1.60

2005

27

45

7

4

2.47

2009

ND

67

7

3

4.07


ANO

ASSEMBLEIA MUNICIPAL

CONCELHOS

CONCORREU

MANDATOS

PRESIDENTES

MAIORIAS ABSOLUTAS

% VOTOS

2001

ND

93

1

0

1.16

2005

25

121

5

1

2.15

2009

ND

224

ND

ND

3.70


ANO

ASSEMBLEIA DE FREGUESIA

FREGUESIAS

CONCORREU

MANDATOS

PRESIDENTES

MAIORIAS ABSOLUTAS

% VOTOS

2001

ND

2407

311

ND

4.44

2005

568

2200

292

260

4.57

2009

ND

2673

332

ND

6.12

ND: dado não divulgado

 

Sendo este um fenómeno relativamente recente, vem ganhando crescente importância de eleição para eleição, quiçá encorajando o futuro aparecimento de outras candidaturas. Estamos perante uma mudança de paradigma no panorama político português, pese embora muitas candidaturas terem sido fruto de rivalidades e/ou incompatibilidades pessoais ou partidárias, pouco interessadas no bem-estar colectivo e no desenvolvimento municipal, antes promovendo interesses económicos específicos e clientelas ou tentando ocultar irregularidades ocorridas no desempenho de funções. Concedo que, de certo modo, esse facto minimiza o movimento, mas a crescente procura desta forma de participação cívica por grupos de cidadãos é um facto maior, que não passa despercebido, sendo sobretudo revelador de uma maior consciência e maturidade politica dos que se recusam a aceitar de forma passiva os formatos políticos previamente definidos.

 

Os partidos, cada vez mais entidades fechadas e pouco representativas, sem capacidade de renovação, continuam numa lógica muito própria de funcionamento, arrogando-se o privilégio de conquistar o poder para executar o seu programa político. Preocupa-os o aparecimento de candidaturas independentes que colocam em causa esse monopólio que concomitantemente é motivo de descontentamento para diretórios nacionais e clientes habituais. Ao mesmo tempo, não valorizando esta nova realidade (ou fazendo ouvidos de mercador), descuram o sentimento daqueles que são a parte mais importante desta equação: os eleitores.

 

Atentemos agora nos resultados das eleições autárquicas realizadas em Nisa, entre 1976 e 2009:

 

LISTA

ANO DE ELEIÇÕES AUTÁRQUICAS

1976

1979

1982

1985

1989

1993

1997

2001

2005

2009
AD

 

 

1

 

 

 

 

 

 

 

APU

 

1

2

3

 

 

 

 

 

 

CDS

1

 

 

 

 

 

 

 

 

 

CDU

 

 

 

 

3

2

3

2

3

2

FEPU

1

 

 

 

 

 

 

 

 

 

PPD

 

2

 

 

 

 

 

 

 

 

PRD

 

 

 

0

 

 

 

 

 

 

PS

3

2

2

2

1

2

2

1

1

2

PSD

 

 

 

 

1

1

0

2

1

1

 

 


ANO

PRESIDENTE

LISTA

1976

António Pires Bento

PS

1979

Carlos Bento Correia

PS

1982

José Manuel Semedo Basso

APU

1985

José Manuel Semedo Basso

APU

1989

José Manuel Semedo Basso

CDU

1993

José Manuel Semedo Basso

CDU

1997

José Manuel Semedo Basso

CDU

2001

Maria Gabriela Pereira Menino Tsukamoto

CDU

2005

Maria Gabriela Pereira Menino Tsukamoto

CDU

2009

Maria Gabriela Pereira Menino Tsukamoto

CDU


 

Perante este cenário, arrancar com uma candidatura independente, num concelho como Nisa, anestesiado por 30 anos de “ditadura” do PCP/CDU, quer com maioria absoluta, quer com voto de qualidade assegurado, onde a mobilização dos cidadãos é quase inexistente, não é fácil. Recolher assinaturas de proponentes (no caso de candidatura à CMN seriam cerca de 350), atrair mandatários, atrair pessoas válidas e competentes para as listas (para a CMN seriam 7 e para a AMN seriam 22), financiar a campanha, por incipiente que fosse, por de pé uma estrutura até Agosto de 2013, mês em que as listas de candidatura são normalmente entregues em Tribunal, são questões que se revelam difíceis embora ultrapassáveis.

 

A corrida já começou. Os partidos, ou pelo menos as facções dentro destes, já começaram a movimentar-se, convidando e desconvidando, sugerindo e ignorando, em busca dos melhores candidatos. Para PS e PSD, as próximas eleições apresentam-se como a primeira oportunidade desde 1982 para, realisticamente, obterem a presidência da Câmara de Nisa. O PCP/CDU está claramente em fim de ciclo e, a menos que apresente uma candidatura extremamente forte, embora eu não vislumbre qual poderia ela ser, estará fora da corrida pela principal posição.

 

Dito isto, sou de opinião que existe em Nisa espaço para a presentação de uma candidatura independente, isenta de vícios e clientelas, capaz de pensar “out of the box”, liberta de espartilhos partidários e com capacidade para dirigir os destinos do concelho no próximo quadriénio. Temos gente válida, com provas dados em muitos e distintos sectores de actividade. Assim haja também vontade e coragem para avançar.

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