domingo, 27 de novembro de 2011

Quo Vadis INIJOVEM?

A INIJOVEM - Associação Para Iniciativas Para a Juventude de Nisa, foi fundada a 23 de Maio de 1997, tendo celebrado este ano o seu 14º aniversário. Ao longo destes 14 anos cumpriu de forma exemplar os objectivos que levaram à sua constituição, constantes do Art.º 2º dos Estatutos, promovendo e organizando iniciativas culturais, recreativas e desportivas em prol da juventude do nosso Concelho, sempre de forma desinteressada e com base no espírito associativo e voluntarismo dos seus associados.

Muitas dezenas de pessoas, elementos dos Órgãos Sociais que ao longo dos anos foram transportando a tocha, em saudável alternância democrática, deram muito do seu melhor esforço e do seu tempo, quando não do seu dinheiro, muitas vezes sacrificando o seu tempo pessoal e familiar na prossecução dos objectivos e espírito da Associação. Aqueles de nós que tiveram a honra de integrar esses Órgãos, fizeram-no normalmente por mais de uma vez, em funções diversas, servindo onde era mais útil a sua presença em determinado momento. Aqueles sócios que nunca integraram nenhum Órgão Social deram também um enorme e valioso contributo, respondendo sempre presente quando isso lhes foi solicitado, trabalhando voluntariamente numa infinidade de eventos.
Ao longo destes 14 anos outras Associações foram nascendo, algo que se saúda e celebra. No entanto, algumas dessas Associações, dotadas de outros meios e apoios, vieram ocupar o espaço já ocupado pela INIJOVEM, buscando objectivos similares, quando não iguais. De forma gradual mas inexorável, foram esvaziando o espaço de intervenção da INIJOVEM, perante alguma passividade e indiferença de sucessivos Órgãos Sociais, já para não falar da grande maioria dos Sócios.
Os diversos apoios, que ao longo dos anos diversas instituições e empresas foram concedendo, fundamentais para um regular funcionamento da Associação e para a execução integral dos seus objectivos, vêem diminuído de forma palpável. Os subsídios do IPJ, através do PAAJ, diminuem desde há vários anos e questiono-me se ainda existirão no próximo ano, nesta vertigem de cortar a despesa do Estado a torto e a direito, os patrocínios e apoios das empresas da região, seja pela falência de algumas, seja pela crise económica, são cada vez mais difíceis e obter e, last but not least, a Câmara Municipal de Nisa, que desde sempre fui um dos pilares da existência da Associação, vai dando machadas no tronco associativo a cada ano que passa, reduzindo os apoios concedidos, culminando este ano com o início da cobrança de taxas pela utilização de viaturas e instalações municipais. Querer, como quer a CMN, que as Associações do Concelho de Nisa sejam auto-sustentáveis, dependendo apenas das quotizações dos seus Associados, algo que foi afirmado numa das Reuniões de Câmara a que assisti, com bastante demagogia e alguma deselegância de linguagem, seria o mesmo que eu querer que a CMN se governasse apenas com as receitas do município, sem receber verbas do Orçamento Geral do Estado.
E eis-nos chegados à noite de 25 de Novembro de 2011, em que se realizou uma Assembleia Geral Ordinária de extraordinária importância, pelo facto de constarem da Ordem de Trabalhos quer uma alteração aos Estatutos e ao Regulamento Geral Interno, quer por se realizarem eleições para os Órgãos Sociais. E, perante decisões de tão grande importância para o futuro imediato da Associação, que resposta deram os Sócios? Responderam presente, como tantas vezes fizeram no passado? Acorreram em grande número à Sede Social? Corresponderam às expectativas, apresentando-se diversas Listas à eleição dos Órgãos Sociais? Para meu grande desapontamento, algo que me deixou um gosto amargo na boca desde então, a resposta a todas estas perguntas é um rotundo e gritante NÂO!
À Assembleia Geral, de um universo de cerca de 600 associados, compareceram 22 Sócios, incluindo os representantes dos actuais Órgãos Sociais e nenhuma Lista se apresentou a eleições, o que levou a que tenha sido convocada uma Assembleia Geral Extraordinária para o dia 29 de Dezembro, na tentativa de ultrapassar este impasse. Desde a noite de 25 de Novembro, temos uma Associação inoperante, com a actual Direcção, no cumprimento do disposto estatutário, a desempenhar funções administrativas, assegurando apenas um funcionamento formal e a realização de actividades correspondentes a compromissos anteriormente assumidos com terceiros. Não posso nem quero, por contrário aos meus princípios, deixar de referir aqui a ausência da Assembleia Geral de antigos Dirigentes e Sócios Fundadores, que, numa hora que se previa difícil, se abstiveram de cumprir uma obrigação moral inalienável, desprezando de forma execrável a Associação que criaram e dirigiram no passado.
Chegamos pois ao tempo das grandes questões: continua a justificar-se a existência da INIJOVEM, perante a evidente inércia e desinteresse demonstrado pelos seus Sócios? Continua a justificar-se o estatuto de Associação Juvenil da INIJOVEM, perante o afastamento gradual da juventude Nisense daquele que deveria ser o motor da sua aglutinação?
Dir-me-ão que estou a ser radical, a extremar a minha análise. Estarei, mas nunca fui de paninhos quentes e acredito firmemente que, na maioria das vezes, um pontapé nos fundilhos nos leva mais longe que palmadinhas nas costas. Perguntar-me-ão porque não constituo eu uma Lista e me candidato. Também vos respondo: fui membro dos Órgãos Sociais durante alguns anos, quer na Direcção quer na Mesa da Assembleia Geral e sempre colaborei com a Associação quando isso me foi pedido, o que acontece regularmente e de forma continuada desde que me inscrevi como Sócio. Tenho 47 anos e, pese embora ser minha opinião que é necessário o enquadramento de alguém mais velho, com a experiência que os anos e a passagem por alguns Órgãos Sociais lhe trazem, defendo que a Associação deve ser regida pelos mais jovens, pois o contrário seria desvirtuar a sua razão de ser e os seus objectivos. Continuarei a colaborar sempre que isso me seja pedido, estando até disposto a integrar um Órgão Social não executivo, seja a Mesa da Assembleia Geral, seja o Conselho Fiscal, mas os destinos da Associação devem estar nas mãos dos Sócios mais jovens e não na dos Sócios mais velhos.
Onde está a juventude de Nisa? Onde estão todos aqueles que, com 16, 17 e 18 anos, foram fazendo parte de diversas Direcções, no intuito de os preparar para mais tarde assumirem a liderança da Associação? Onde estão os jovens que vão dizendo pelos cafés que em Nisa não se faz nada e que ninguém pensa na ocupação dos seus tempos livres? Esta é a vossa hora! É hora de assumirem as vossas responsabilidades, de deixarem de ser crianças e de se tornarem homens e mulheres de pleno direito, de ocuparem o vosso lugar na sociedade, de exercerem a vossa cidadania, de tomarem o vosso destino nas mãos. Parem com as queixas: ajam! Parem com a indiferença: mexam-se!

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