sexta-feira, 16 de abril de 2010

Juizinho e decoro


Francisco Louçã é provocador, num tom populista e por vezes vulgar, de quem pensa ainda estar nos bons velhos tempos da doutrina Agitprop. Certa Esquerda, para não dizer toda a Esquerda, pelo menos em Portugal, continua a achar que tem o monopólio da irreverência, frequentemente confundindo esta com falta de educação.

José Sócrates anda irrequieto, nervoso. Acossado de todos os lados, acusado de tudo e de nada, andará certamente com os níveis de paciência muito em baixo, e quando isto acontece, o verniz estala.

Francisco Louçã disse hoje a José Sócrates, em pleno debate parlamentar e de microfone aberto, que este “ (…) de intervenção em intervenção vai ficando um pouco mais manso”.

José Sócrates respondeu a Francisco Louçã, de microfone fechado mas certamente em tom audível, que “Manso é a tua tia, pá!”.

Francisco Louçã nasceu em Lisboa. José Sócrates nasceu em Alijó. O que o lisboeta não sabe (será?) é que, para um transmontano, mansos são os bois, e que tal epíteto ofende a honra. O que o alijoense não sabe (será?) é que os adjectivos devem concordar, em género e número, com os substantivos, e que a não observância desta regra ofende a língua portuguesa.

Resumindo e baralhando, deixo três recomendações:

- Senhor Louçã, da próxima vez diga ao Senhor Sócrates, a menos que o queira propositadamente insultar, que ele anda menos agressivo.

- Senhor Sócrates, da próxima vez que o Senhor Louçã lhe chamar manso, a menos que lhe conheça alguma tia com excesso de testosterona, diga-lhe: - Manso é o teu tio, pá!

Última recomendação, esta para ambos: portem-se com juizinho e decoro, que a malta não vos paga o ordenado para trocarem insultos, mais ou menos dissimulados, no Parlamento.
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imagem daqui: http://wehavekaosinthegarden.wordpress.com/
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Por lapso meu a postagem inicial saiu truncada, nela não constando o primeiro parágrafo. Corrigido o erro, aceitem as  minhas desculpas.

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