
O "site" do extinto IPPAR (substituído pelo Decreto-Lei n.º 96/2007, de 29 de Março pelo IGESPAR, que pasme-se, passado 1 ano ainda não tem "site" na Internet!) designa o monumento por "Porta de Montalvão, Porta da Vila e restos da muralha da vila de Nisa", indicando como outra designação "Castelo de Nisa". Diz ainda que a sua situação actual é de "Classificado", como "MN Monumento Nacional", pelo Decreto "8 228, DG 133, de 4-07-1922", englobando-o na "Categoria / Tipologia - Arquitectura Militar / Castelo".
Refere ainda o dito "site", que existem no Concelho de Nisa três Monumentos Nacionais (MN): o já citado Castelo de Nisa, o Castelo de Amieira do Tejo e a Anta da Vila de Nisa (que verifiquei, em segunda análise, ser a Anta de S. Gens). Refere ainda a existência de 7 IIP (Imóvel de Interesse Público), 1 IIM (Imóvel de Interesse Municipal) e 4 monumentos em vias de classificação (com Despacho de Abertura). Desconheço a actualidade destes dados, pelo que estou a vender o peixe pelo preço que o comprei.
Mas falemos apenas dos monumentos de maior relevância em termos de classificação, os 3 únicos MN existentes no nosso Concelho.
Comecemos pelo mais antigo, excelente exemplar do megalitismo funerário da região de Nisa, a Anta de S. Gens, que se encontra totalmente desprotegida, sendo possível aceder ao seu interior, a menos que (e confesso que já por lá não passo há algum tempo) as silvas em seu redor não o permitam, à mercê de curiosos menos cuidadosos e até de actos de vandalismo. Não existe nenhum informação, folheto que seja, que possa ser disponibilizada ao turista interessado, nem no local existe informação alguma sobre a Anta, o seu enquadramento e características, à excepção de uma placa indicativa no desvio para a mesma.
Seguindo a ordem cronológica, temos o Castelo Templário de Nisa, que sob direcção do Mestre da Ordem à época, D. Lourenço Martins, terá sido concluído cerca de 1296. Dele restam, visíveis ao público em geral, alguns metros de pano de muralha e as portas, ditas da Vila e de Montalvão.
Esta última, e a sua área envolvente, encontram-se em recuperação, razão de ser maior destas linhas. Sem questionar o mérito da decisão de recuperar a área e de recuperar a Cadeia Nova para aí instalar um núcleo museológico, antes pelo contrário, questiono isso sim, alto e bom som, a sensatez e bom-gosto revelados na colocação de uma escadaria e de um passadiço a contornar, exteriormente, a Torre anexa à Porta e a muralha adjacente.
Desconheço a autoria do projecto. A obra será certamente da responsabilidade da CMN, com a concordância do IGESPAR. E aqui já a porca torce o rabo: então um particular que resida na área em redor de um MN não pode mudar uma telha ao telhado sem se enterrar em papelada e autorizações e a CMN/IGESPAR constroem uma excrescência de ferro em redor de um???
Ou comem todos ou há moralidade, para introduzir uma frase de célebre comédia em terrenos de tragédia consumada. Neste caso, eu preferiria a moralidade. E várias perguntas ficam no ar: qual o objectivo da construção, que propósitos serve? Seria esta a única solução possível? A quebra de sentido estético e coerência arquitectónica do local não mereceriam melhor ponderação? 
Acrescentemos agora que a escadaria, visível na foto, não foi implantada onde deveria ter sido, dando origem a vãos com diferente número de degraus, pelo que vai ainda ser desmontada e corrigida, para então ser novamente colocada no local...
Mantendo ainda a ordem cronológica, segue-se last but not least o Castelo Hospitalário de Amieira do Tejo, concluído em 1362. Encerrado desde 2006, não conheço anúncio de data de reabertura. Apesar de já muita tinta ter sido gasta com este assunto, não posso deixar de voltar ao tema: um dos melhores exemplares em Portugal do Gótico Militar, em muito bom estado de conservação e com uma história riquíssima, de portas fechadas, é de bradar aos céus e fazer dar voltas na tumba a quem o mandou construir, Álvaro Gonçalves Pereira, pai do Condestável Nuno Álvares Pereira. Já para não falar na célebre janelinha de alumínio da Torre de Menagem...
A situação dos MN do Concelho de Nisa apresenta-se-me como uma tragédia em três actos, daquelas de fazer chorar o coração mais empedernido.
Mas isto digo eu, que até sou de Rilhafoles e é mais bolos.....
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foto: Jornal de Nisa
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2 comentários:
Eu não-me esticava mais lol
pf
Beijokas para ti, já coloquei este link nos meus favoritos, não queria de modo nenhum perder o prazer de te ler, theo
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