quinta-feira, 1 de julho de 2010

A união faz a força


De acordo com notícias veiculadas ontem, o Governo propõe que um conjunto de SCUT, entre as quais se inclui a A23, passem a ter portagens a partir de Janeiro de 2011.

Escrevi há algum tempo que já me aborrece a conversa dos custos da interioridade, desculpa para quase tudo o que tenha a ver com a degradação económica e demográfica das regiões interiores. Mas, a verificar-se a implementação das medidas preconizadas pelo Governo, isso implicará, de facto, que o interior passe a ter custos acrescidos em relação ao litoral, a que se alia uma perda de competitividade efectiva.

A proposta do Governo, prevê isentar do pagamento de portagens nas SCUT, as populações residentes nos municípios com o Indicador do Índice de Poder de Compra (IIPC) concelhio inferior a 100. O IPCC é um indicador estatístico, deduzido a partir de um conjunto de 18 variáveis, que visam caracterizar os concelhos portugueses do ponto de vista do poder de compra.

A A23 (Auto-Estrada da Beira Interior), que liga a A1 à A25, Torres Novas à Guarda, num traçado de 217 km, não atravessa o concelho de Nisa. É hoje no entanto, a principal via de acesso de pessoas e bens ao concelho, provenham eles da Região Norte, da região Oeste ou da Região Metropolitana de Lisboa. Do sul chega-se através do IP2, não sendo no entanto comparável a utilização das duas vias e o seu contributo para a economia do concelho. Apesar disto, os habitantes e empresas de Nisa não ficarão isentos do pagamento de portagem na A23, a menos que o Governo, que já admitiu essa possibilidade, e dependendo da evolução da negociata com o PSD, inclua outros na área de influência das SCUT.

A economia do concelho de Nisa depende em grande medida do fluxo de pessoas e mercadorias provenientes da A23. O IIPC do concelho foi, em 2007, de 64,34, muito abaixo da média nacional, que se cifra em 100. Depois da machadada para a economia local, em alguns sectores, que foi a construção de um pseudo IP (só possui características de IP em alguns curtos troços) na periferia do concelho, da machadada seguinte que foi a construção da A23, adiada para as calendas gregas a construção da ligação entre a A23 e a A6, nova machadada se seguirá, com a nossa população e empresas a terem que suportar mais esse encargo, seja de forma directa, pelo pagamento das portagens, seja de forma indirecta, com o aumento do custo dos produtos e a diminuição do número de visitantes.

Recordo aqui palavras da Presidente da Câmara, Gabriela Tuskamoto, a propósito deste assunto, proferidas em 2004, quando afirmou que “se quiserem pôs as portagens, também se saberá vir para a rua e cortar a A23”. É tempo de agir, de unir esforços com os concelhos da Beira que já vieram a público protestar contra esta intenção do Governo, de a Câmara de Nisa juntar a sua voz ao coro dos que reclamam, de preferência em uníssono.
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fonte estatística: INE, 2007, Estudo Sobre o Poder de Compra Concelhio

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